Um minuto atrás no passado ficou
Ana Célia Maia
Porque
Em um lugar sombrio da memória
Escondem-se Gatos com olhos que faíscam
Na escuridão de noites sinistras,
E corujas de enigmáticos olhos, à espreita
Nas noites em que a lua-cheia invade o mato
E as bruxas decifram o enigma das horas mortas.
Em um lugar sombrio do inconsciente
Mora o medo primitivo
Que vem das cavernas
Onde os antepassados tentavam decifrar
Os mistérios do mundo.
E antes que o sertão vire mar
E o mar vire sertão
E as bruxas saiam dos seus esconderijos
E os homens façam a guerra nuclear
E nós sejamos engolidos
por uma imensa boca cósmica...
quero aqui registrar
os meus pedacinhos desimportantes
de poesia.
seguindo a luz da Lua,
o brilho dos olhos dos Gatos e Corujas, e as cores dos Girassóis e Borboletas
E se me perguntarem quem sou... responderei:
Apenas uma Ana, mais uma Ana,
filha do sertão, caminhando entre os mandacarus com seus braços erguidos para o céu do poente, e as serras azuladas que lambem o céu no horizonte onde nasce o sol...
Apenas uma Ana
que, neste mar de dúvidas no qual a vida nos faz navegar, deseja expressar as reminiscências das madrugadas da infância, marcadas por canto de corujas e olhos de gatos faiscando na escuridão...
Apenas uma Ana
que, um dia, se apaixonou pelo pôr do sol e pelo brilho da lua.
E ficou só.
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